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Tuesday 11 December 2007

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Desculpe
Por ter rejeitado as flores
Por não ter retribuído
O olhar
E por não ter te pedido
Pra trancar a porta
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Monday 26 November 2007

Karinamovich

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Desta vez nem pulou
e já se quebrou
inteira
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Tuesday 2 October 2007

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Eu ainda sou eu
Dormindo de roupa
De brinco
De sapato
De maquiagem
Balbuciando bobagens
No banheiro
E me pendurando
No único galho de árvore
Que está podre
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Friday 14 September 2007

Saiu a Revista Lasanha Ed. 4.

Claro que eu estou atrasada. Só consegui ver hoje. E claro que eu estou sem tempo de fazer um post bonito. Mas fica a intenção.

Sem mais delongas.

http://revistalasanha.cjb.net/

Pior foi a minha cara de idiota conforme o ponteiro foi andando. Pior foi meu sorriso amarelo e as mentirinhas pra não passar vergonha. Pra não mostrar que eu não tenho mesmo jeito e que todo mundo tinha razão quando disse que era pra eu ficar na minha. Então eu estou aqui de novo e nem tinha visto a 4ª edição da Revista, tiveram que me mostrar. Virei uma pessoa chata, uma trabalhadora chata, uma escritora chata, uma amiga chata, uma crítica chata, uma compulsiva chata. E repetitiva.

Friday 3 August 2007

Revista Lasanha 3ª Edição


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Sei que estou atrasada, mas antes tarde do que nunca. A Edição 3 da Revista Lasanha está no ar, e esse mês traz meu textinho extraído daqui mesmo, por que tive pouco tempo de enviar outro superior.
Esse mês eu não pude deixar de notar que a Clô Zingali ta escrevendo lá também. Temos nos correspondido bastante nos últimos tempos e é uma pena que mais uma pessoa que bate (sabe quando bate? Pois é, a Clô bateu) esteja morando lá longe.
Rasgações de seda á parte, os chefs são:

Jarbas Capusso Filho, MaicknucleaR, Clotilde Zingali, Célia Musilli, Mariana Hagnè, Eduardo Lacerda, Bebeto Cicas, Jorge Mendes, Marcelo Montenegro, Daniel Faria, Lindsey Rocha , Larissa Marques, Artur Gomes, Paulo de Tharso, Maria Angélica Abramo, Márcio Américo, Rafael Nolli, Diniz, Mão Branca, Beatriz Bajo, Bárbara Lia, Assionara Souza, Juninho 13, Ricardo Carlaccio , Nicole Louise, Julio Cararra, Marcelo Ariel, Cássio Amaral, Roberta Silva, Daniel Cavana, Paula Klaus, Carolina PsiA , Edson Pielechovski, Claudia Maniezzi, Claudia Menezes, Alessandro Bartel, Me Morte, Cesar Ribeiro, Robson Araújo, Cassiano Monteiro, Rosana Faria Freitas, Karina Abramovich, Eduardo dos Anjos, Camilla Lopes, Marcell Dias Pitelli e Heloisa Galves.

Sem falar que a revista conta com algumas novidades, que vocês vão ter que olhar.
Sirvam-se.

Wednesday 25 July 2007

Sobre a capacidade de matar o amor
Ou
The Great Gig In The Sky

Passei noites em claro balançando o berço onde o amor deitava, exausto, chorando a madrugada inteira. Falta de alimento não era. Talvez fosse a música. Mas acho que não era também. Amar o amor é o pior erro humano. Existe essa necessidade de tapar esse buraco que dói e sangra o tempo inteiro, assim, na frente de qualquer um. Muitos constrangimentos que podiam ser evitados se os curativos estivessem bem colocados e com esparadrapos suficientes.
E depois de simplesmente levar um balde de água fria na cabeça a gente simplesmente devia aprender. Eu tenho que aprender a não entregar meu coração assim, desse jeito. Pra qualquer coisa, não só pessoas. Por que eu sei que o que volta pra mim é só um pedacinho dele, todo mutilado, todo roxo, irreconhecível. “Karina, esse coração que tava lá na calçada é seu?” Oh, sim, obrigada. Já estava começando a achar que não o veria mais. Obrigada de novo. “Por nada. Mas enrosca ele aí logo, por que da próxima vez você pode não ter tanta sorte, valeu?”. Certo, eu sei, eu sei ...
Mas eu não enrosco. E quando eu não enrosco, eu passo um tempão olhando pra ele pra ver se ele vai se reconstituir. Mas o tempo passa, nada acontece e eu continuo olhando. Volta pro peito mutilado mesmo. Esperando alguém com umas ferramentas pra consertar ele. Sim, por que eu mesma já não me julgo capaz de consertar tudo isso aqui sozinha. Odeio admitir. Odeio mesmo. Mas eu tenho caído no berreiro na frente de cada panaca. Nunca fui classuda. Pelo contrário; minhas pérolas estão bem longe dos saltos das madames. Às vezes eu fico pensando que eu não sei fazer nada e nem sou capaz de aprender mais nada. Primitiva desde a raiz do cabelo. Na frente das pessoas que eu podia chorar, eu fico tentando dar uma de forte. Não gosto da possibilidade de dar trabalho pra alguém.
Eu estive pensando no meu coração, no meu lugar no planeta, nos meus passos certos em contravenção dos meus passos errados.
Eu queria saber quantas pessoas tem coragem suficiente de dar amor sem expectativas... se não dói... se não acaba matando.
Fico pensando se não estou cometendo o erro de sempre. O erro fatal da não-entrega, o erro fatal da preocupação com os achismos dos outros. E penso ainda, no por que disso tudo, sendo que tudo que eu queria era me entregar do jeito que eu sempre ameaço, era abrir meus braços e deixar que meu emocional tome conta geral dos meus movimentos, da minha voz, do meu corpo.
Fico pensando que o amor não pode ser só a figura de um coração e uma faca embrulhados pra presente chegando á porta de quem não sabe amar.
Eu me peguei dizendo ontem pra Michele, “Mi, eu preciso de mais. Eu sempre preciso de mais”. Ela concordou com a cabeça e com a expressão de quem não estava entendendo nada e ao mesmo tempo estava entendendo tudo.
Eu não lembrava que detestava me sentir assim. Mas eu detesto. Eu detesto mais do que estar acompanhada por um monte de bocas que não dizem nada.

Tuesday 10 July 2007

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Karina Abramovich: Sempre blogando posts injustos e sendo exagerada. Até quando sabe onde vai dar.
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Monday 2 July 2007

Antítese

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Entregue. Eu, as minhas pieguices e o meu amor. O resto coloco na prateleira. Do resto não preciso. Tudo que eu preciso é dessa porra dessa entrega. Por que eu já sou inclinada a fazer isso. Eu to indo lá. Eu e a minha corda. Vou me jogar lá do alto daquele abismo e vou sentir o vento na minha cara quando eu estiver caindo por que eu não sei ser de outro jeito.
Desse jeito aqui eu não consigo ter paz. Desse jeito aqui eu não consigo sentar de frente pr’aquele lago e acender o meu incenso. Desse jeito aqui eu não realizo, eu não saio das nuvens. Fico dançando, saltitando, tomando chazinho de ervas. Enfio uma flor no meu cabelo e vou escutar Polyphonic Spree. Eu quero me jogar agora e eu quero quebrar a minha cara bem quebrada por que senão nada disso vai ter valido a pena. E tem muita coisa aqui que vale. Vale a pena pra caralho e compensa tudo.
Eu não quero nem saber. Sai da minha frente. Sai que eu to indo lá no abismo com a minha cordinha fraca.
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Karina Abramovich.: Agindo sempre contra as corporações. E ficando sempre no prejuízo.
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Thursday 28 June 2007

Asas de barata

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Eu to aqui tentando me desvirar. Voltar pra algum lugar quente do qual eu nunca quis ter saído - mas eu saio, vou correndo, nem percebo. Vivo pouco e me machuco muito. Eu to aqui tentando achar uma tal de paz do espírito e ainda não angariei uma pista que seja. Pensei em espalhar nos postes uns cartazes com dizeres tolos.
Definitivamente. Olha aqui esse buraco. Me diz se alguém que é forte tem um buraco desses. Não adianta essa mala de medicamentos, não adianta a reza, nada. Tudo que sobrou foi essa minha fraqueza e essa minha petulância, que convenhamos, são qualidades nada sinônimas.

Thursday 21 June 2007

A Especialidade da Casa


Os Chefs:

MaicknucleaR, Carolina PsiA, Daniel Cavana, Karina Abramovich, Roberta Silva, Camilla Lopes, Anderson H, Saulo Ribeiro, Larissa Marques, Diniz, Lívia Mara, Juliana Martins, Mão Branca, Me Morte, Beatriz Bajo, Fernando Blues Borghi, Juninho 13, Karen Debértolis, Júlio Carrara, Cesar Ribeiro, Bebeto Cica's, Marcelo Ariel, Maria Angélica Abramo, Paulo (Picanha) de Tharso, Nicole Louise, Barbara Lia, Bianca Nóbrega, Emerson Wiskow, Ricardo Carlaccio, Artur Gomes, Robson Araujo e Cássio Amaral.
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E não precisa dar gorjeta ao garçom.
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Wednesday 30 May 2007

Entre Quatro Paredes (azuis)

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Sabe aquelas noites em que acontece de tudo pra você ficar em casa, mas mesmo assim você sai e estraga tudo? Pois é.
Aí no outro dia eu sai com a minha cara inchada e minha mochila nas costas, pra ser surpreendida por uma pessoa tranqüila, que falava comigo me olhando nos olhos. Não tinha nada de inquieta e precupada como eu tinha na minha recordação. Alguém que tomou café comigo, ouviu minhas divagações (inúteis) - (ou não) e (quase) todas as minhas músicas clichês sem reclamar, fumou comigo, e enfim, alguém que estava ali.
Eu havia pensado que ninguém no mundo inteiro seria capaz de me tirar daquela minha tristeza (que nem tinha motivos plausíveis) santa (sem motivo plausível nenhum também). Obrigada por ter tirado aquele peso dos meus ombros que você nem reparou. **Olha só pra mim tentando (inutilmente e horrivelmente) escrever como você (e todos os parênteses de Jack San Diego) - não sinta repugnância, sei que eu to estragando a graça da tua escrita. Não chego nem perto. E você pode falar que eu fiz tudo aquilo que eu jurei que não faço. Fo-da-se. Você não sabe que eu vou ficar triste se você for embora. Mas agradeço por aquele dia, por que foi (quase) perfeito. Quase. E quase já está de bom tamanho, por ora.

Wednesday 23 May 2007

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E já tem gente falando da Lasanha. Eu queria sair fuçando pra ver o que o pessoal estava achando, mas o Maick foi mais rápido, então copio o link.

http://aslatrinasdavida.blogspot.com/2007/05/sua-famlia-te-diz-estamos-vendendo-casa.html

E mesmo que ele diga "não agradeça", não tem como não agradecer o que ele falou de mim por lá também, no mesmo post do Latrinas. Obrigada, Sr. NucleaR. Minha cabeça de geminiana atrapalhada muitas vezes entra em conflito com a sua librianamente esperta. Mas a gente acaba se entendendo. Acaba tirando a máscara.

_ Maick, eu nunca sei como terminar um post.
_ Ahaaa, o fim é a melhor parte. Eu sempre sei terminar um post.
_ =(
_Eu ensino você. Coloca assim: FIM.

Tá bom.

FIM.
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Monday 21 May 2007

O que é que tem no cardápio hoje?

E aí que hoje tem estréia. A edição nº 1 da Revista Lasanha está no ar, e eu faço parte do time dos chefes de cozinha. Tem um time fera escrevendo por lá.
As especialidades da casa estão por conta de: Roberta Silva, Karina Abramovich, Cássio Amaral, Célia Musili, Juliana Martins, Duda Bandit, Randall Neto, Alessandro Bartel, Ricardo Carlaccio, Tícia elfe, Nick Farewell, Daniel Cavana, Camilla Lopes, Nicole Louise, Bebeto Cica's, Maria Angélica Abramo, Juninho 13, Bianca Nóbrega, Paulo Picanha de Tharso, Karen Debértolis, Beatriz Bajo, Diniz, Bárbara Lia, Marcelo Ariel, MaicknucleaR (autor da encrenca e chefe bonzinho) e Luana Vignon.
Quer uma garfada? É por conta da casa.

http://revistalasanha.cjb.net

E pode repetir.
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Thursday 10 May 2007

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Eu estava sem dormir, bêbada de sono e tentando ficar bêbada de cerveja. E quando eu fui lá mexer nas asas inúteis do tucano que não saía do lugar eu olhei pro lado e te vi encostado na parede. Colocou uma mão no bolso do casaco e acendeu um cigarro com a outra.  Sentei, emburrada.
Eu queria ir embora. Dormir.
Aí a sua imagem sumiu. Sei que você não ficou com pena de mim. Então eu não sei por que você sumiu, mas você foi. E eu permaneci na varanda olhando o céu que ameaçou, ameaçou, ameaçou, mas não choveu. Só por que o tucano estava sem asas. E eu também.
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Wednesday 9 May 2007

E morre mais um cidadão de bem. Morto por mim, claro.

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Dei cabo do Marretando. Não ia fazer isso. Não já. Mas dei. Me bateu um tsc do nada e dei. Devem ser esse remédios que eu to tomando pra curar a minha gripe. Minha vida não foi mais a mesma desde segunda. Eu até tinha coisas para espalhar por lá ainda, embora nunca tenha ficado bem nítido na minha cabeça o critério que usava pra decidir o que ia pra lá e o que vinha pro 3/4. Acho que eu pretendia deixar no Marretando os sentimentos antigos, caquéticos, revirados e seqüelados de dentro de mim. Ou só por que eu me apego ás coisas e ele era meu filhinho.
Já estou sentindo uma pequena saudade dos novatos que perguntavam "mas por que logo esse nome, karina?". Mas não tem mais graça responder um monte de coisa diferente a cada vez por que eu já expliquei tudinho aqui:
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E tem novidade. Quem não se agüentar e quiser saber agora, é só dar uma clicada lá no MaicknucleaR, autor da questão. E quando eu digo rápido é rápido mesmo por que ele mesmo já avisou que o post vai expirar. Eu não vou contar agora. Só quando estiver tudo pronto. Quero fazer um anúncio bem grande. E sair pra comemorar. E esse post aqui já tem tema. Volta.
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Talvez eu transporte pra cá algumas coisas que transitavam pelo Marretando. E vou até falar um segredo: pode ser que ele volte com um novo layout, uma proposta e até tema. E o mesmo título, claro, por que eu gosto de "Como Marretar Batráquios". Mas vai demorar pra caralho, então sosseguem.
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Por enquanto peguem seus ponchos, seus chás de erva, sopinha de legumes e cachecóis que está um puta frio nessa cidade hoje, e continuem desfiando.
Até breve.
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Monday 7 May 2007

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A gaiola das loucas foi arrombada no sábado. Virada Cultural, um montão de planos, mas um montão de gente também, e eu só consegui ver metade da última música do Teatro Mágico que era um dos que eu menos queria ver, a base de cotoveladas e empurrões. Perdi Premeditando o Breque. Perdi Made in Brazil. Vi Nação Zumbi de lá de pertinho. Não do palco. De pertinho da base comunitária da polícia, onde os pms ficavam me empurrando toda hora com o cassetete pra eu desencostar da corda. Depois minha pressão caiu. Aí a Mi e a Ka trocaram alianças ali na minha frente ao som de Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada, e eu fiquei tão emocionada, e a Karla falou “porra, você ta mesmo em tudo, né?” e eu fiquei feliz por poder estar e a gente se deu um abraço. E a Mi perguntou “você sabe que você é a madrinha dessa porra toda, né?”, e eu disse sei, claro que eu sei, e a gente ficou lá sendo piégas pra caralho, até a amiga delas vomitar em mim. Juro. Eu tava olhando pra trás pra ver se a polícia ia ir lá matar a gente e senti um jato quente no meu cabelo e no meu braço. Quando eu olho pra frente, a mina lá, passando realmente mal. E eu toda cheio de vinho. Meu Deus. Ela vomitou em mim. Ela vomitou em mim. E a Michele invés de me ajudar ficou lá se contorcendo no chão de dar risada. Tudo bem. Ela tinha acabado de trocar alianças e era o dia dela. Segura essa porra pra eu trocar de blusa. Segura, porra! E a Michele lá rindo da minha cara, não segurava nada e eu lá toda vomitada. Troquei de blusa. Parece que eu adivinhei que ia precisar de uma blusa a mais. Aí eu fui lá com o Flavinho e as outras gurias e a Mi e a Ka levaram a mina embora. Nos perdemos. E a Michele ainda levou meu cigarro. Ok. Aí algo estranho aconteceu. Não só estranho, mas estranhissíssimo. Mas essa parte eu não quero comentar. Só digo que eu não tive culpa. E que eu queria que ninguém ficasse braba comigo. E que essas coisas acontecem nas melhores famílias, afinal, não tem como prever. Eu não sou uma filha da puta. Pelo menos não quis ser. Foi assim sem planejar mesmo. Bom. Aí eu passei mal e fui embora por que eu queria tomar banho e dormir e comer alguma coisa senão eu ia dar pt. E tinha metrô, olha que bom. Hoje acordei com a voz que eu amo no meu ouvido, e eu tava doente, doente literalmente, corpo moído, tosse, garganta doendo, nariz ruim e quase sem voz. E como eu tinha acabado de acordar, eu não estava pensando e não consegui falar nada. Eu fico fora de mim quando eu acabo de acordar, sabe. Tenho perda de memória. Tudo funciona devagar demais. Mas tudo bem, eu estava doente. Ainda estou, mas agora estou pensando. E pensei olha que merda, agora vai demorar mais uma semana. Queria conseguir pensar um pouco quando eu acordo. Queria mesmo. Mas agora é tarde.
Agora vou lá tomar uma aspirina. Um chazinho Vick. Por que senão eu não seguro o resto dessa semana. E ela promete ser uma das mais confusas. E das mais cínicas também.
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Karina X Karina - Parte III

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_ Karina, o que é que ce ta fazendo de novo nesse canto com esse caderno?
_ To tentando matar algumas coisas dentro de mim, aqui.
_ Mas já tem um tempão que você descobriu que isso não funciona.
_ Se você acha que é assim fácil, vem aqui me dar a mão pra eu levantar.
_ Você sabe que eu ainda to meio fraca.
_ Então que tal parar de encher o saco?
_ Você sabe que eu quero o seu bem, não sabe? Só não te dou um abraço por que se alguém ver eu vou ficar com vergonha.
_ Entendo.
_ Sério, vamos tentar ir lá pra fora. Essa Marisa Monte é muito fossa.
_ Não dá. Tenho medo que todo mundo fique olhando pra esse buraco aqui, ó.
_ É, ta feio mesmo. Mas isso é meio culpa sua.
_ Meio não, total e completamente minha. Eu não saio falando isso por aí, mas pra você eu acho que não tem problema. A culpa é minha mesmo.
_ Pelo menos em mim você ainda confia.
_ Na verdade, tem mais alguém aí em quem eu ando confiando.
_ Ele merece?
_ Ainda não sei. Mas algo me diz que sim.
_ Mas ele não é ele que está aqui agora, é?
_ Não.
_ Então se contente comigo.
_ Estou contentada.
_ Não ta parecendo.
_ Mas estou.
_ Então ta. Só não vai começar a mentir pra mim à essa altura do campeonato, nega. Não é boa idéia.
_ Eu não faço isso. Você sabe que se eu não quiser debater eu posso fugir de você e acabou.
_ Pior é que nem acabou, não.
_ Nem.
_ Tola.
_ Pois é.
_ Posso acender isso aqui?
_ Depende.
_ Depende de quê?
_ Posso tomar aquele vinho ali da garrafa?
_ Pode.
_ Então ta. Acende.
_ Obrigada. Tava precisando. E então? O que você pretende fazer da sua vida agora?
_ Esperar, eu acho.
_ Você está fazendo isso já há algum tempo.
_ É, né. Mas eu não consigo pensar em mais nada.
_ ...
_ ...
_ Olha aquele tucano, que bonito.
_ É mesmo.
_ Sabe, eu acho que você ta certa.
_ Sobre o tucano?
_ Não. Sobre esse negócio de esperar um pouco. O tempo acerta tudo.
_ Você está mesmo me apoiando?!
_ Claro, nega. Agora vai lá tirar essa Marisa Monte, vai.
_ E colocar o que?
_ Coloca aquele cd que você baixou da Joan Jett.
_ Mas lá tem Black Velvet.
_ Verdade. Tem Black Velvet. Também não posso com ela. Nada de Joan Jett.
_ Nada de Joan Jett.
_ Pixies?
_ Opa, boa, hein.
_ Pra já. Pega esse caderno aqui e guarda lá pra mim então.
_ Joga aqui, ó.
_ Cuidado com os papeizinhos que estão dentro.
_ Mas é claro.
_ Chuchu Beleza.
_ Tomate Maravilha.
_ Bateu?
_ Bateu.
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Wednesday 2 May 2007

Tinha você

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Naquele cigarro a mais fumado por pura teimosia
que ferrou com o meu estômago ontem
Na vitrola tocando Miles Davis no domingo
entre os ruídos do vinil velho
Naquela ponta de caneta bic estourada
e naquelas linhas de poema que eu escrevi no braço
na porta do metrô
Até nos poemas que eu quis escrever e não pude
por que não tinha como anotar e eu esqueci depois
nos ponteiros vagarosos do relógio quando eu estou sem paciência
e no perfume que volta na minha blusa
quase todas as sextas feiras de madrugada
no filme que não era de chorar
mas que me arrancou todas as lágrimas que estavam presas
sem minha permissão
me fazendo sentir ridícula
Em todos os segundos de since i've been loving you
que eu engoli a seco no feriado
e na minha caixa de entrada repleta de ansiedade
em e-cartas que eu escrevo longamente e depois não mando
com medo de ser bocuda
chata
inconveniente
imprecisa
Tinha você
Nas idéias embaraçadas escritas a mão numa agenda de 2005
pro que podia ser meu 'primeiro trabalho'
E depois disso tudo, tinha você
em todo o resto
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Assim não vai dar.

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Tive uma crise de choro assistindo Simbat na Sessão da Tarde da Globo.
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Thursday 19 April 2007

Welcome

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Movich andava desaparecida.
Mal-criada como sempre foi, não deu satisfações. Foi. Senti falta dela sentada no chão do corredor ouvindo rádio. Ela ficava ali, de frente pra porta esperando alguém entrar. Eu ficava só olhando, falando pra ela desligar logo aquela merda; ela tinha mania de deixar o rádio ligado só pra poder não prestar atenção.
Ás vezes trazia flores pra casa, e sem querer eu a pegava no seu olhar triste, olhando-as murchar. Ela dizia que a casa era muito cinza. Ela queria que fosse primavera sempre e rezava antes de dormir pra que fosse primavera sempre.
Movich fuma dentro de casa. Eu vivo pedindo pra ela não fazer isso.
Também peço pra que ela não faça amor com os homens errados, por que, no fundo, eu quero o bem dela.
Ela diz que não existem pessoas certas.
Ela diz que eu romantizo tudo.
Toda sexta-feira ela me pergunta se dessa vez iremos sair juntas. Quando eu respondo um 'não' seco, ela ri malévolamente. Movich sempre volta toda roxa pra casa e nunca lembra onde se machucou. Mas pede para que eu cuide dos seus ferimentos, com aquele jeito de quem não está pedindo nada demais. Tem dias que ela pula na minha casa umas seis da manhã. Me chacoalha, abre a janela na minha cara e grita bom dia incansavelmente até que eu responda bom dia de volta.
Hoje Movich voltou. Dessa vez, bateu à porta. Deu um sorriso jovial e passou as mãos nos meus cabelos.
O gato se esfregou nas pernas dela, e a gente tomou um scotch.
Seja bem vinda.
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Friday 13 April 2007

Era aquilo mesmo.
Era aquilo mesmo.
ERA AQUILO MESMO!

Mas tem uma vozinha dizendo baixinho pra eu tomar cuidado. E eu tomo. Sempre. Mas tem hora que não dá vontade. Tipo agora. Agora eu não to com vontade. Nenhuma.

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Thursday 12 April 2007

Round One

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Esse computador está se negando a abrir meus e-mails. Dependo da vontade dele.
Esperaí.
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Wednesday 11 April 2007

A gente ficou escutando no tapete da sala o piano da música. Ela é fã do Arnaldo. Ela gosta de beber e ficar repetindo pra eu prestar atenção. Olha a letra, olha a letra. Agora olha aquele barulhinho lá no fundo. Você sabe o que é que ta fazendo isso? Você não ta prestando atenção. Presta atenção, porra. Olha que lindo. Olha que lindo!Depois colocou aquela música que ela ta escutando agora sem parar. Foi bem na parte que ele cantou “muito triste pensar em você com quem não vive depois da morte / seria o maior barato tocar seu coração / vivo a pensar / pra frente / quando não mais houver cidade / vou te achar / com mil anos de idade...” que ela olhou dentro dos meus olhos daquele jeito. Queria não ter visto. Isso começou a me incomodar, não por que me senti culpado, mas por que eu não tinha sequer o que dizer diante daqueles olhos ansiosos. Não consegui nem pedir desculpas. Desviei. Ela disse que eu nunca prestava atenção em nada. Sorri em resposta, mas eu sabia que ela não tava brincando. Ela se serviu de um cigarro do meu maço, apesar do maço dela estar cheio sobre a mesa. Ela tem mania de fazer isso. Rouba meu copo, toma minha tequila mesmo odiando tequila, fuma meus cigarros e se seca com a minha toalha. Isso me irrita de vez em quando. Ela não pede nada. Ela nem nunca pediu pra eu ficar. Ela sabe que eu tenho que ir uma hora. Ela sempre fica na dúvida se a gente vai se ver de novo. Eu digo relaxa, garota. Dou um beijo na testa dela deixando pra trás os olhos baixos e tristes que ela tem. Às vezes ela fica sentada olhando eu ir embora. Eu olho pra trás e ela ta lá, sentada na calçada, com uma expressão indecifrável. Malditas expressões essas que ela faz. Eu fico preocupado. Ela diz as vezes que não sabe onde enfiar o coração dela. Assim do nada. Depois pede desculpa. Diz que está bêbada. Pega o último cigarro do meu maço e muda de conversa. Se eu pudesse eu até te levava, garota. Mas eu não posso. Vai que a culpa vira minha.

Feliz Páscoa?

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Eu não gosto muito de feriados. Vésperas de feriado então, nem se fala. Geralmente lembro muito pouco deles depois. Quinta feira eu não ia sair de casa por que eu decidi que eu tenho permanecer o maior tempo possível trancada, já que essa vida que eu levo não ta me levando a lugar nenhum. O Gabriel passou do meu lado de carro e eu nem consegui ver. Queria. Faz tempo que eu não vejo o Gabriel. Tenho que devolver o livro dele. O Flávio que falou que era ele berrando de dentro do carro. Aí a gente ficou escutando umas músicas no bilhar, e foi encontrar o pessoal no bar que tinha mais pra frente. Já disse que eu odeio a Augusta? Eu odeio a Augusta. Já gostei. Mas agora eu odeio. Desde que eu cheguei lá, minha vida ficou meio obscura.
Eu lembro pouco de quinta. Sei que eu tava passando mal, por que me lembro de reclamar toda hora “Eu to passando mal, Flavinho. Eu to passando mal”.
Fugi lá pra fora com o copo de bombeirinho do Flávio nas mãos. Eu pra tralálá de bêbada tentando esnobar ao máximo o chato do Beto Bruno que tava lá olhando pra minha cara. Portanto permita-me dizer que: Eu não acho orgulho nenhum estar num boteco chato que só tem gente chata pagando um pau p’rum cara chato só porque ele tem uma banda mais chata ainda. EU ODEIO O BETO BRUNO.
E se você gosta de Cachorro Grande, problema seu. O cara é um verdadeiro chato. CHATO. Eu já gostei, velho. Algumas pessoas devem lembrar. Não vou bancar a hipócrita dizendo que sempre achei o pessoal do Cachorro Grande um bando de chatos. É que eu prestava atenção nos caras tocando, e eles tocam bem. Mas ficaram chatos. A voz do Beto Bruno é chata. Ele todo. Isso eu sempre achei. Agora eles todos estão chatos. Aí eu parei de ouvir. Acontece com todo mundo. Eu disse pra ele na quinta. “Eu ouvia quando tinha 13 anos”. Ele disse que estava velho. Eu falei pode crer. E fui lá pra fora. Aí fiquei atirando nuns bichos do videogame da casa do lado até doerem os braços, sentei na calçada, ouvi uns recados do meu celular, fiquei com soluço, levei a Amanda em casa, peguei uma blusa emprestada porque agora São Paulo desembestou a voltar a fazer aquele puta frio de madrugada, e quis dormir até tarde, mas não consegui por que fui encontrar a Sté pra depois encontrar a Rê e ficar muito doida de novo.

Portanto estou implorando.

Parem de me chamar pra sair.

Parem todos.

Como eu sou uma pessoa com um defeito horrível, o de não saber dizer não, então façam esse favor pra mim. Não me chamem mais pra beber. Tenham a bondade. Eu agradeço.

Thursday 5 April 2007

Tem um paninho aqui?

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Ontem eu fui lá, dar um jeito de escutar a voz presa dentro do aparelhinho. É que surgiu uma verba no nada, sabe. Aí eu ouvi. E eu ouvi umas... 4 vezes? Sim, por que se eu ouvir mais que isso, eu preciso de mais verba. E não tá assim, por enquanto. Eu nunca gostei de caixa postal. Nunca. Eu nunca dei sorrisos com uma caixa postal, também. Na caixa postal só tem chefe correndo atrás de você, pai correndo atrás de você, amiga falando que não vai mais poder ir então vai ter que ficar pra próxima, ou amigo dizendo que vai te matar se você não estiver não sei onde tal hora, tchau.
E ontem você nem sabe, mas você me arrancou sorrisos absolutamente sinceros. Por que a tua voz faz massagem nos meus ombros. E o som da tua risada também. E eu fiquei olhando as carinhas que você fazia mesmo sem estar te vendo. Faz um favor? Eu to em estado de pré colapso. Degelo. E você é o único que me acalma. Então me escreve. Antes que eu derreta inteira.
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Wednesday 4 April 2007

Detalhes Irrelevantes

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Garota preocupada, sentimentalóide. Sempre atrasada. Bêbada amorosa. Caçadora de coisas melhores. Anciosa. Coração de manteiga. Fã de recortes. Leitora sem grana pra se aprimorar, por isso freqüento blogs. Escritora egoísta que sempre fala de si mesma por que não consegue falar de mais ninguém - por isso escrevo em blogs. Adepta à auto-sabotagem. Contra preconceitos. Durmo pouco. Sonho muito. Antipática por natureza, porém muito bem educada. Não puxo sacos. Não pago paus. Procuro ouvir mais e falar menos, mas falo demais e escuto quase nada. Sem religião, mas com um pouco de fé. Fé não, esperança. Creio em destino. Nada acontece por acaso. Apaixonada por pessoa impossível. Bebo pouco, porém freqüentemente, e chapo fácil. Creio que vou morrer de uma dessas três mortes: Acidente de carro, câncer em algum lugar fóda ou tomando um tiro de besta num assalto ou numa briga de bar que não é minha.
Não sei dar cambalhota, nadar, dar estrelinha, nem andar de bicicleta. Aprenderei tricô. Quero, mas não aprenderei a nadar. Contratarei um analista. Tiro fotos e escrevo minhas coisas. Não sou fotógrafa nem escritora, porém me auto-denomino assim pra tirar um barato. Não pra tirar um baraaato por que vou ser mesmo, um dia. Algum dos dois vai ter que me levar pra algum lugar, por que eu não sei fazer mais nada. Dada à crises de solidão, desespero, choro, ataques súbitos de raiva e isolamentos desnecessários. Mania de listas, grandeza e inclinação ao TOC.
Inimiga de despertadores e coisas com asas. Alérgica a picadas de insetos. Pesadelos com elevadores desde pequena, que discutirei com meu analista quando tiver um.
Candidata a ficar pra tia como todas as mulheres da família que não souberam escolher seus homens e acabaram sozinhas, gordas e amargas. Não toco mais violão nem guitarra por falta de cordas novas e do tamanho das unhas, quais consegui parar de roer do nada. Sempre em dúvida sobre a última frase de um post. Quando quero enrolar, termino com

Adieu.

Monday 2 April 2007

Na Dúvida...

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Será que eu ouvi mesmo o que eu acho que eu ouvi?
Eu não tive certeza. Depois, eu passei muito tempo pensando nessas coisas. Nas que eu ouvi e nas que eu acho que eu ouvi.
De pouco em pouco, por que eu trabalhei que nem uma filha da puta de tarde e de noite. Minhas costas moídas. Meus dedos pedindo clemência. Chega de computador, chega de computador.
Aí eu fui dormir de madrugada, o que significa que hoje o dia vai ser fóda, por que eu vou ter que trabalhar e morrer de sono e de dúvida,
Eu não sei se está finalmente tudo dando certo.
Não deve estar. É sempre assim quando eu acho que está.

Meu ouvido é ruim.

Taí;
Eu tinha que ter parado na hora, olhado, e dito "oque foi que você disse agora?".
Mas eu não parei.
Sou medrosa. Sou cuzona.

Karina. Acorda.

Você ouviu errado.

Será?

Não, você ouviu errado.