Pages

Tuesday 18 March 2008

.
Escuta, Layla, eu avisei. Ouve. Olha no espelho. Eu avisei. Eu bem que te disse. Você foi querer ir pra lá. Foi querer ficar olhando. Você disse que ele não tinha cheiro nenhum, Layla. Uma pessoas não pode ter cheiro nenhum. Tem que ter cheiro de alguma coisa, de morte, de incenso, de suor, de doce. Tem que ter alguma coisa. Mas ele não tinha nada. Ele tinha uns botões da camisa abertos e você foi querer justo ele. Aquele que te chamou de morta, que viu que você vai morrer em breve. Ele viu que você não vale a pena de cara. Não adianta ficar desse jeito. Ta ridícula com esse batom. Nunca te vi assim. Uma carcaça. Puta. Puta três vezes. Você disse que ele não olhou no seu olho, Layla. Como você acredita em alguém que nem te olha no olho? Como você acredita em alguém que nem te beijou quando você estava no chão e ainda disse “fica com Deus, gatinha”?. Deus é o caralho, Lay. Ouviu? Deus é o ca-ra-le-o . Eu sempre te disse. Não borra meu lenço de batom, enxuga só as bochechas. Queria que ele te visse assim. Vê se tu bota na cabeça. Você é sozinha. Você nasceu assim. Vai, ré confessa. Devolve o que não é teu e te arranca. Sinceramente, Lay, estou começando a ficar com raiva de você.
.