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Thursday 19 April 2007

Welcome

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Movich andava desaparecida.
Mal-criada como sempre foi, não deu satisfações. Foi. Senti falta dela sentada no chão do corredor ouvindo rádio. Ela ficava ali, de frente pra porta esperando alguém entrar. Eu ficava só olhando, falando pra ela desligar logo aquela merda; ela tinha mania de deixar o rádio ligado só pra poder não prestar atenção.
Ás vezes trazia flores pra casa, e sem querer eu a pegava no seu olhar triste, olhando-as murchar. Ela dizia que a casa era muito cinza. Ela queria que fosse primavera sempre e rezava antes de dormir pra que fosse primavera sempre.
Movich fuma dentro de casa. Eu vivo pedindo pra ela não fazer isso.
Também peço pra que ela não faça amor com os homens errados, por que, no fundo, eu quero o bem dela.
Ela diz que não existem pessoas certas.
Ela diz que eu romantizo tudo.
Toda sexta-feira ela me pergunta se dessa vez iremos sair juntas. Quando eu respondo um 'não' seco, ela ri malévolamente. Movich sempre volta toda roxa pra casa e nunca lembra onde se machucou. Mas pede para que eu cuide dos seus ferimentos, com aquele jeito de quem não está pedindo nada demais. Tem dias que ela pula na minha casa umas seis da manhã. Me chacoalha, abre a janela na minha cara e grita bom dia incansavelmente até que eu responda bom dia de volta.
Hoje Movich voltou. Dessa vez, bateu à porta. Deu um sorriso jovial e passou as mãos nos meus cabelos.
O gato se esfregou nas pernas dela, e a gente tomou um scotch.
Seja bem vinda.
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Friday 13 April 2007

Era aquilo mesmo.
Era aquilo mesmo.
ERA AQUILO MESMO!

Mas tem uma vozinha dizendo baixinho pra eu tomar cuidado. E eu tomo. Sempre. Mas tem hora que não dá vontade. Tipo agora. Agora eu não to com vontade. Nenhuma.

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Thursday 12 April 2007

Round One

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Esse computador está se negando a abrir meus e-mails. Dependo da vontade dele.
Esperaí.
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Wednesday 11 April 2007

A gente ficou escutando no tapete da sala o piano da música. Ela é fã do Arnaldo. Ela gosta de beber e ficar repetindo pra eu prestar atenção. Olha a letra, olha a letra. Agora olha aquele barulhinho lá no fundo. Você sabe o que é que ta fazendo isso? Você não ta prestando atenção. Presta atenção, porra. Olha que lindo. Olha que lindo!Depois colocou aquela música que ela ta escutando agora sem parar. Foi bem na parte que ele cantou “muito triste pensar em você com quem não vive depois da morte / seria o maior barato tocar seu coração / vivo a pensar / pra frente / quando não mais houver cidade / vou te achar / com mil anos de idade...” que ela olhou dentro dos meus olhos daquele jeito. Queria não ter visto. Isso começou a me incomodar, não por que me senti culpado, mas por que eu não tinha sequer o que dizer diante daqueles olhos ansiosos. Não consegui nem pedir desculpas. Desviei. Ela disse que eu nunca prestava atenção em nada. Sorri em resposta, mas eu sabia que ela não tava brincando. Ela se serviu de um cigarro do meu maço, apesar do maço dela estar cheio sobre a mesa. Ela tem mania de fazer isso. Rouba meu copo, toma minha tequila mesmo odiando tequila, fuma meus cigarros e se seca com a minha toalha. Isso me irrita de vez em quando. Ela não pede nada. Ela nem nunca pediu pra eu ficar. Ela sabe que eu tenho que ir uma hora. Ela sempre fica na dúvida se a gente vai se ver de novo. Eu digo relaxa, garota. Dou um beijo na testa dela deixando pra trás os olhos baixos e tristes que ela tem. Às vezes ela fica sentada olhando eu ir embora. Eu olho pra trás e ela ta lá, sentada na calçada, com uma expressão indecifrável. Malditas expressões essas que ela faz. Eu fico preocupado. Ela diz as vezes que não sabe onde enfiar o coração dela. Assim do nada. Depois pede desculpa. Diz que está bêbada. Pega o último cigarro do meu maço e muda de conversa. Se eu pudesse eu até te levava, garota. Mas eu não posso. Vai que a culpa vira minha.

Feliz Páscoa?

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Eu não gosto muito de feriados. Vésperas de feriado então, nem se fala. Geralmente lembro muito pouco deles depois. Quinta feira eu não ia sair de casa por que eu decidi que eu tenho permanecer o maior tempo possível trancada, já que essa vida que eu levo não ta me levando a lugar nenhum. O Gabriel passou do meu lado de carro e eu nem consegui ver. Queria. Faz tempo que eu não vejo o Gabriel. Tenho que devolver o livro dele. O Flávio que falou que era ele berrando de dentro do carro. Aí a gente ficou escutando umas músicas no bilhar, e foi encontrar o pessoal no bar que tinha mais pra frente. Já disse que eu odeio a Augusta? Eu odeio a Augusta. Já gostei. Mas agora eu odeio. Desde que eu cheguei lá, minha vida ficou meio obscura.
Eu lembro pouco de quinta. Sei que eu tava passando mal, por que me lembro de reclamar toda hora “Eu to passando mal, Flavinho. Eu to passando mal”.
Fugi lá pra fora com o copo de bombeirinho do Flávio nas mãos. Eu pra tralálá de bêbada tentando esnobar ao máximo o chato do Beto Bruno que tava lá olhando pra minha cara. Portanto permita-me dizer que: Eu não acho orgulho nenhum estar num boteco chato que só tem gente chata pagando um pau p’rum cara chato só porque ele tem uma banda mais chata ainda. EU ODEIO O BETO BRUNO.
E se você gosta de Cachorro Grande, problema seu. O cara é um verdadeiro chato. CHATO. Eu já gostei, velho. Algumas pessoas devem lembrar. Não vou bancar a hipócrita dizendo que sempre achei o pessoal do Cachorro Grande um bando de chatos. É que eu prestava atenção nos caras tocando, e eles tocam bem. Mas ficaram chatos. A voz do Beto Bruno é chata. Ele todo. Isso eu sempre achei. Agora eles todos estão chatos. Aí eu parei de ouvir. Acontece com todo mundo. Eu disse pra ele na quinta. “Eu ouvia quando tinha 13 anos”. Ele disse que estava velho. Eu falei pode crer. E fui lá pra fora. Aí fiquei atirando nuns bichos do videogame da casa do lado até doerem os braços, sentei na calçada, ouvi uns recados do meu celular, fiquei com soluço, levei a Amanda em casa, peguei uma blusa emprestada porque agora São Paulo desembestou a voltar a fazer aquele puta frio de madrugada, e quis dormir até tarde, mas não consegui por que fui encontrar a Sté pra depois encontrar a Rê e ficar muito doida de novo.

Portanto estou implorando.

Parem de me chamar pra sair.

Parem todos.

Como eu sou uma pessoa com um defeito horrível, o de não saber dizer não, então façam esse favor pra mim. Não me chamem mais pra beber. Tenham a bondade. Eu agradeço.

Thursday 5 April 2007

Tem um paninho aqui?

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Ontem eu fui lá, dar um jeito de escutar a voz presa dentro do aparelhinho. É que surgiu uma verba no nada, sabe. Aí eu ouvi. E eu ouvi umas... 4 vezes? Sim, por que se eu ouvir mais que isso, eu preciso de mais verba. E não tá assim, por enquanto. Eu nunca gostei de caixa postal. Nunca. Eu nunca dei sorrisos com uma caixa postal, também. Na caixa postal só tem chefe correndo atrás de você, pai correndo atrás de você, amiga falando que não vai mais poder ir então vai ter que ficar pra próxima, ou amigo dizendo que vai te matar se você não estiver não sei onde tal hora, tchau.
E ontem você nem sabe, mas você me arrancou sorrisos absolutamente sinceros. Por que a tua voz faz massagem nos meus ombros. E o som da tua risada também. E eu fiquei olhando as carinhas que você fazia mesmo sem estar te vendo. Faz um favor? Eu to em estado de pré colapso. Degelo. E você é o único que me acalma. Então me escreve. Antes que eu derreta inteira.
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Wednesday 4 April 2007

Detalhes Irrelevantes

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Garota preocupada, sentimentalóide. Sempre atrasada. Bêbada amorosa. Caçadora de coisas melhores. Anciosa. Coração de manteiga. Fã de recortes. Leitora sem grana pra se aprimorar, por isso freqüento blogs. Escritora egoísta que sempre fala de si mesma por que não consegue falar de mais ninguém - por isso escrevo em blogs. Adepta à auto-sabotagem. Contra preconceitos. Durmo pouco. Sonho muito. Antipática por natureza, porém muito bem educada. Não puxo sacos. Não pago paus. Procuro ouvir mais e falar menos, mas falo demais e escuto quase nada. Sem religião, mas com um pouco de fé. Fé não, esperança. Creio em destino. Nada acontece por acaso. Apaixonada por pessoa impossível. Bebo pouco, porém freqüentemente, e chapo fácil. Creio que vou morrer de uma dessas três mortes: Acidente de carro, câncer em algum lugar fóda ou tomando um tiro de besta num assalto ou numa briga de bar que não é minha.
Não sei dar cambalhota, nadar, dar estrelinha, nem andar de bicicleta. Aprenderei tricô. Quero, mas não aprenderei a nadar. Contratarei um analista. Tiro fotos e escrevo minhas coisas. Não sou fotógrafa nem escritora, porém me auto-denomino assim pra tirar um barato. Não pra tirar um baraaato por que vou ser mesmo, um dia. Algum dos dois vai ter que me levar pra algum lugar, por que eu não sei fazer mais nada. Dada à crises de solidão, desespero, choro, ataques súbitos de raiva e isolamentos desnecessários. Mania de listas, grandeza e inclinação ao TOC.
Inimiga de despertadores e coisas com asas. Alérgica a picadas de insetos. Pesadelos com elevadores desde pequena, que discutirei com meu analista quando tiver um.
Candidata a ficar pra tia como todas as mulheres da família que não souberam escolher seus homens e acabaram sozinhas, gordas e amargas. Não toco mais violão nem guitarra por falta de cordas novas e do tamanho das unhas, quais consegui parar de roer do nada. Sempre em dúvida sobre a última frase de um post. Quando quero enrolar, termino com

Adieu.

Monday 2 April 2007

Na Dúvida...

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Será que eu ouvi mesmo o que eu acho que eu ouvi?
Eu não tive certeza. Depois, eu passei muito tempo pensando nessas coisas. Nas que eu ouvi e nas que eu acho que eu ouvi.
De pouco em pouco, por que eu trabalhei que nem uma filha da puta de tarde e de noite. Minhas costas moídas. Meus dedos pedindo clemência. Chega de computador, chega de computador.
Aí eu fui dormir de madrugada, o que significa que hoje o dia vai ser fóda, por que eu vou ter que trabalhar e morrer de sono e de dúvida,
Eu não sei se está finalmente tudo dando certo.
Não deve estar. É sempre assim quando eu acho que está.

Meu ouvido é ruim.

Taí;
Eu tinha que ter parado na hora, olhado, e dito "oque foi que você disse agora?".
Mas eu não parei.
Sou medrosa. Sou cuzona.

Karina. Acorda.

Você ouviu errado.

Será?

Não, você ouviu errado.